O mercado de streaming em Portugal continua em alta — mas será que estamos a chegar ao pico?
No início de 2025, o número de portugueses com pelo menos uma subscrição ativa de serviços de streaming atingiu o valor mais elevado de sempre. Ainda assim, os dados mais recentes apontam para um arrefecimento nas intenções de novas adesões, o que pode indicar que o setor está a entrar numa nova fase de maturidade.
Subscrições em alta, mas com sinais de estabilização
De acordo com o estudo BStream, realizado pela Marktest entre janeiro e abril de 2025, 42,2% dos portugueses inquiridos afirmam ter uma ou mais subscrições ativas em plataformas de conteúdos audiovisuais por streaming.
Comparando com o mesmo período do ano anterior (março a junho de 2024), esta percentagem representa uma subida de 1 ponto percentual, o que confirma a tendência de crescimento — ainda que moderado — do consumo de streaming em Portugal.
Este aumento pode ser explicado por vários fatores, como a maior oferta de conteúdos originais, o lançamento de funcionalidades mais inteligentes nas plataformas, e a crescente integração com outros serviços digitais — como pacotes de telecomunicações ou benefícios associados a cartões de fidelização.
Intenção de novas adesões em queda: um sinal de saturação?
Apesar do número recorde de subscritores, o estudo também revela uma tendência importante: o interesse em aderir a novos serviços de streaming caiu para mínimos de dois anos.
Neste momento, apenas 559 mil portugueses demonstram intenção de subscrever um novo serviço nos próximos três meses — uma descida significativa face a vagas anteriores do estudo.
Este dado pode indicar uma saturação no mercado, em que a maioria das pessoas interessadas já aderiu às plataformas que considera relevantes. Mas há também outros fatores em jogo: o contexto económico desafiante, com maior contenção nas despesas domésticas, pode estar a levar os consumidores a fazer escolhas mais seletivas — optando por manter uma ou duas subscrições, e cancelar as restantes.
Para as plataformas de streaming e empresas do setor tecnológico, este cenário representa um ponto de viragem: já não basta atrair novos clientes — é fundamental trabalhar a retenção e a diferenciação.
O top das plataformas em Portugal: quem domina?
No panorama nacional, as preferências continuam a centrar-se nas grandes marcas globais. Netflix, Disney+, HBO Max, Prime Video e Apple TV+ são as plataformas mais mencionadas pelos inquiridos quando questionados sobre a intenção de adesão.
A Netflix mantém-se no topo das escolhas, consolidando o seu lugar como líder de mercado. Esta preferência pode estar ligada ao forte investimento em conteúdos originais, algoritmos de recomendação eficazes e à notoriedade da marca.
Também se destaca o crescimento da Disney+, que continua a conquistar espaço junto de famílias e públicos mais jovens, impulsionada por franquias como Marvel, Star Wars e Pixar.
Já a HBO Max e a Prime Video apresentam-se como alternativas com catálogos sólidos e estratégias agressivas de entrada em pacotes promocionais. A Apple TV+, por outro lado, tem ganho tração com produções premiadas e uma integração forte com o ecossistema da marca.
O que esperar do futuro do streaming em Portugal?
Se por um lado os números mostram que o streaming é já uma prática consolidada entre os portugueses, por outro lado, o ritmo de novas adesões começa a dar sinais de abrandamento. E isso levanta novas questões para as marcas tecnológicas, operadores e criadores de conteúdos:
- Como manter o interesse dos utilizadores num mercado altamente competitivo?
- Que tipo de conteúdos, formatos ou funcionalidades podem fazer a diferença?
- Será que os serviços de streaming vão evoluir para modelos mais flexíveis — como subscrições modulares, bundles temáticos ou planos com publicidade?
Com o avanço das tecnologias de personalização, a integração com dispositivos domésticos inteligentes, e a aposta crescente em experiências imersivas (como conteúdos interativos e realidade aumentada), o futuro do streaming poderá passar por mais do que ver séries e filmes: poderá ser uma porta de entrada para novas formas de entretenimento digital.
O streaming em Portugal está vivo e de boa saúde — mas também a mudar. O crescimento abranda, a concorrência aumenta e o consumidor torna-se mais exigente. Para as plataformas, este é o momento de inovar, surpreender e garantir que cada subscrição faz valer o investimento.
Fonte: Contra Luz