O universo da inteligência artificial está em constante ebulição. Gigantes como Google, Meta e OpenAI têm lançado soluções inovadoras, enquanto a Apple, mais discreta neste campo, prepara agora uma jogada que pode mudar o rumo da competição. O novo plano coloca os robôs domésticos inteligentes no centro da estratégia, com o objetivo de conquistar espaço na corrida da IA.
Se, por um lado, a empresa chegou tarde à disputa pelo domínio da inteligência artificial, por outro, o seu poder em hardware e design pode transformar esta aparente desvantagem numa vantagem competitiva.
Uma viragem estratégica para recuperar terreno
Durante anos, a Apple apostou em manter a Siri como peça central da sua oferta de inteligência artificial. Contudo, com a rápida evolução de assistentes conversacionais e modelos generativos lançados por rivais, ficou claro que seria preciso mais do que software para recuperar terreno.
A resposta da empresa passa agora por trazer a IA para o quotidiano de uma forma tangível, através de dispositivos que combinam utilidade prática, interação natural e integração no ecossistema Apple. Os robôs domésticos surgem como o próximo grande passo, uma aposta que pode transformar a relação das pessoas com a tecnologia dentro de casa.
O robot de secretária: um companheiro digital
Entre os projetos em desenvolvimento está um dispositivo apelidado de “robot de secretária”. A sua chegada está prevista para 2027 e promete ser muito mais do que um simples gadget.
Este robot funciona como uma espécie de iPad montado num braço robótico móvel, capaz de se mover e reposicionar conforme acompanha o utilizador. Imagina ter um assistente que ajusta a posição do ecrã automaticamente durante uma videochamada, ou que te segue pela cozinha enquanto cozinhas e segues uma receita.
Não se trata apenas de conveniência, é a ideia de um companheiro digital, capaz de antecipar necessidades e adaptar-se ao contexto.
Uma Siri mais humana e proativa
O robot de secretária será também a porta de entrada para uma versão renovada da Siri. Em vez de comandos rígidos e respostas limitadas, esta nova Siri surge com uma “personalidade” mais natural e empática.
A evolução vai além da voz: o sistema será capaz de memorizar preferências, sugerir ações e até participar em conversas com mais fluidez. Em vez de ser apenas reativa, a Siri tornar-se-á um verdadeiro copiloto do dia a dia, apoiado por inteligência artificial avançada e aprendizagem contínua.
Diferentes formatos para diferentes públicos
O plano da Apple não se limita a um único dispositivo. Além do robot de secretária com braço robótico, estão a ser desenvolvidas versões mais simples (algumas sem Siri) que podem servir de ponto de entrada para um público mais vasto.
Outras ideias incluem robôs móveis semelhantes ao Astro da Amazon, que circulam pela casa de forma autónoma, e até autómatos industriais para ambientes profissionais, reforçando o alcance da estratégia.
Ao diversificar a gama, a Apple posiciona-se não só para consumidores domésticos mas também para empresas que procuram soluções de automação inteligente.
Segurança inteligente como pilar da casa conectada
A estratégia da empresa vai além dos robôs. Estão planeados novos dispositivos de smart home, como colunas inteligentes com ecrã e câmaras de vigilância equipadas com inteligência artificial.
Estas câmaras terão funcionalidades avançadas, incluindo reconhecimento facial e sensores infravermelhos para identificar pessoas ou movimentos suspeitos. Mais do que vigiar, o objetivo é criar um sistema que interaja com o ambiente e automatize tarefas, como acender luzes, ajustar a climatização ou enviar alertas de segurança em tempo real.
Com isto, a Apple pretende oferecer uma solução integrada de casa inteligente, onde os robôs e os dispositivos de segurança trabalham em conjunto para criar um ecossistema coeso.
O risco de ficar para trás
Apesar da inovação, existe um risco real: a velocidade a que a IA avança pode deixar empresas para trás em apenas alguns anos. Há analistas que já comparam a situação atual da Apple ao que aconteceu com a BlackBerry, que dominava o mercado dos smartphones antes do iPhone mudar o jogo.
Para evitar esse destino, a empresa terá de acelerar a integração de IA nos seus produtos, considerar parcerias estratégicas e até possíveis aquisições de startups de inteligência artificial. A pressão é grande, mas a capacidade de execução da Apple também é reconhecida.
O futuro dos robôs domésticos da Apple
Embora ainda em fase de protótipo, os robôs em desenvolvimento revelam o foco em tornar a interação mais natural e humana. Equipas de machine learning da empresa estudam a forma como os robôs se movem, gesticulam e expressam emoções, para que as interações sejam mais próximas do comportamento humano.
Há até versões experimentais com design inspirado em candeeiros articulados, capazes de mover-se de forma expressiva, reagir com gestos e transmitir emoções através de voz e movimento. Estes detalhes podem ser decisivos para transformar um robô funcional num companheiro empático.
A Apple prepara-se para entrar num novo capítulo da sua história tecnológica: os robôs domésticos inteligentes. Ao combinar hardware avançado, inteligência artificial e integração com o ecossistema Apple, a empresa procura reposicionar-se no mercado e recuperar terreno perdido na corrida da IA.
Se terá sucesso ou não, só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: com a chegada destes robôs, a relação das pessoas com a tecnologia no lar nunca mais será a mesma.
Fonte: Sapo Tek