A Inteligência Artificial (IA) deixou oficialmente de ser uma tendência distante para se tornar parte do quotidiano dos portugueses. Quase toda a população já utilizou ferramentas de IA generativa pelo menos uma vez, especialmente soluções como o ChatGPT ou o Copilot, que rapidamente se tornaram comuns em tarefas pessoais e profissionais. Mas esta utilização massiva não significa, necessariamente, que exista conhecimento profundo ou estratégia de adopção — e é aqui que o panorama português revela contrastes importantes.
A utilização da IA já é rotina
O estudo mostra que grande parte dos utilizadores recorre à IA com frequência: muitos utilizam estas ferramentas semanalmente e uma fatia significativa fá-lo diariamente. A popularidade é evidente — e compreensível. Soluções de IA generativa permitem criar textos, gerar ideias, resumir informação, automatizar processos e até apoiar decisões estratégicas, o que as torna particularmente apelativas para profissionais que procuram acelerar tarefas ou simplificar trabalho repetitivo.
As áreas onde a IA se destaca no contexto profissional também seguem esta lógica. Tecnologia e inovação continuam no topo, naturalmente, mas o suporte ao cliente, marketing e comunicação estão a ganhar terreno, aproveitando a IA para melhorar processos, produzir conteúdos e potenciar produtividade.
Entre estudantes, o cenário é semelhante: utilizam a IA para investigação, elaboração de trabalhos e automatização de pequenas tarefas, inserindo a tecnologia no processo de aprendizagem.
Uso elevado, mas integração empresarial baixa
Apesar da adoção individual elevada, o uso estruturado dentro das empresas portuguesas está longe de acompanhar este ritmo. Apenas uma minoria considera que a sua organização implementa a IA de forma clara, estratégica e integrada. Na prática, o que acontece é que muitos colaboradores utilizam estas ferramentas por iniciativa própria, sem enquadramento, diretrizes ou formação adequada.
O problema agrava-se quando se observa o nível de qualificação: a maioria dos utilizadores não recebeu formação específica sobre IA generativa no último ano. Entre os que fizeram formação, grande parte limitou-se a cursos curtos ou introdutórios, insuficientes para tirar partido avançado das capacidades da tecnologia.
Este cenário levanta um risco real: criar utilizadores superficiais, que sabem pedir respostas mas não compreendem o potencial estratégico, as limitações, os riscos ou os métodos para integrar IA em workflows complexos.
Oportunidade para profissionais e empresas
Para quem trabalha em tecnologia, inovação, marketing ou áreas digitais, estes dados são particularmente relevantes. O mercado está a evoluir rapidamente e a competitividade passa, cada vez mais, pela capacidade de transformar IA em valor — não apenas em curiosidade.
Quem dominar as ferramentas, compreender modelos, saber construir prompts estratégicos, medir resultados e integrar IA em processos tem vantagem directa no mercado de trabalho e no ecossistema empresarial.
Já as empresas enfrentam o desafio de estruturar esta adoção: criar políticas internas, fomentar literacia digital, oferecer formação contínua e garantir que a IA é usada com segurança, ética e impacto real.
O próximo passo para Portugal
Para que o país deixe de utilizar IA apenas de forma pontual e passe a criar valor sustentado, será fundamental investir em três áreas: qualificação prática, governança clara e apoio à implementação nas PME. Só assim será possível transformar curiosidade em eficiência, e utilização esporádica em inovação concreta.
Fonte: Techbit
