A inteligência artificial (IA) tem vindo a ganhar um papel central na transformação digital das empresas portuguesas, sobretudo nas pequenas e médias empresas (PME). Automatização de processos, análise avançada de dados e melhoria da eficiência operacional são apenas alguns dos benefícios associados a esta tecnologia. No entanto, o crescimento acelerado da IA está também a abrir novas portas para o cibercrime. Nos últimos 12 meses, quase metade das PME em Portugal enfrentou incidentes de cibersegurança ligados ao uso de inteligência artificial.
Ciberataques potenciados por IA: um problema crescente
O aumento dos ciberataques associados à IA reflete uma realidade cada vez mais comum: os atacantes estão a utilizar tecnologias inteligentes para tornar as suas ações mais sofisticadas, rápidas e difíceis de detetar. Para muitas PME, que nem sempre dispõem de equipas dedicadas à cibersegurança, este cenário representa um desafio significativo.
Os ataques não se limitam a um único ponto de entrada. Pelo contrário, exploram múltiplas fragilidades nos sistemas empresariais, desde falhas técnicas até erros humanos. A combinação entre IA e técnicas de engenharia social tem permitido criar campanhas de phishing mais credíveis, automatizar ataques e contornar mecanismos de defesa tradicionais.
Onde estão as principais vulnerabilidades das PME
Entre os alvos mais frequentes dos cibercriminosos destacam-se os dispositivos IoT utilizados em ambiente empresarial, os servidores internos e os dispositivos móveis dos colaboradores. Estes pontos de acesso, muitas vezes mal protegidos ou desatualizados, tornam-se portas abertas para ataques mais complexos.
Além disso, as próprias ferramentas de inteligência artificial, quando mal configuradas ou utilizadas sem políticas claras de segurança, podem ser exploradas para recolha de dados sensíveis, acesso indevido a sistemas ou manipulação de informação. Este contexto demonstra que a superfície de ataque das organizações aumentou significativamente com a digitalização e a adoção de tecnologias inteligentes.
IA: uma vantagem competitiva que exige responsabilidade
Apesar dos riscos, a perceção das PME em relação à IA continua a ser maioritariamente positiva. A tecnologia é vista como um motor de inovação, crescimento e competitividade, capaz de diferenciar empresas num mercado cada vez mais digital. No entanto, esta confiança exige uma abordagem mais madura e estratégica à segurança.
Adotar IA sem considerar os riscos associados pode comprometer dados, operações e a reputação das organizações. Por isso, a integração da cibersegurança deve ser encarada como parte essencial de qualquer estratégia tecnológica, e não como um elemento secundário.
Cibersegurança como prioridade estratégica
Perante este cenário, muitas PME estão a reforçar as suas práticas de segurança digital. A formação dos colaboradores assume um papel fundamental na prevenção de ataques, sobretudo aqueles que exploram o erro humano. Paralelamente, cresce a aposta em políticas internas de utilização de IA, auditorias regulares e na integração de riscos tecnológicos nos planos de gestão e proteção do negócio.
A contratação de especialistas e o investimento em soluções de segurança adaptadas a ambientes com IA são passos essenciais para aumentar a resiliência digital das empresas.
Conclusão: preparar o futuro com segurança
A inteligência artificial continuará a moldar o futuro das PME portuguesas. No entanto, os dados mostram que inovar sem proteger pode ter consequências graves. Para tirar verdadeiro partido da IA, é essencial garantir que a segurança acompanha a inovação, tornando as empresas mais preparadas, resilientes e competitivas num cenário digital cada vez mais exigente.
Fonte: Marketeer
