O Orçamento do Estado para 2026 revela uma aposta clara do governo português na tecnologia, ciência e inovação. As novas dotações orçamentais mostram um reforço significativo nestas áreas estratégicas, essenciais para acelerar a transição digital e fortalecer o ecossistema tecnológico nacional.
Mais investimento para ciência e inovação
A despesa consolidada para ciência, ensino superior e inovação vai aumentar cerca de 8,2% face a 2025, o que representa mais 296,8 milhões de euros.
No caso da ciência, o crescimento será de cerca de 8%, com um reforço adicional de 40 milhões de euros.
Na área tecnológica, o governo planeia investir 20 milhões de euros em projetos de Inteligência Artificial (IA) aplicados à Administração Pública e mais 120 milhões de euros na digitalização dos serviços públicos e modernização dos sistemas informáticos do Estado.
IA e digitalização no centro da transformação
A Inteligência Artificial surge como uma das principais prioridades do governo para 2026. Entre as iniciativas previstas estão:
- o desenvolvimento de um modelo de linguagem multimodal em português, batizado “Amália”;
- a integração de um assistente virtual na aplicação gov.pt;
- a expansão do uso de soluções de IA em processos administrativos, como contratação, faturação e gestão documental.
A par disso, o investimento em digitalização procura acelerar a interoperabilidade entre sistemas públicos, reforçar o portal gov.pt com novas funcionalidades e melhorar a gestão e qualidade dos dados disponíveis em plataformas públicas.
Reorganização institucional: fusão FCT + ANI
Um dos pontos centrais deste orçamento é o teste ao novo modelo do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), que reúne competências antes dispersas.
A fusão da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) com a Agência Nacional de Inovação (ANI) é um dos grandes desafios desta reestruturação. O objetivo é criar uma nova entidade com um orçamento sólido, capaz de impulsionar projetos conjuntos de investigação e inovação e não apenas somar recursos já existentes.
Contudo, se o reforço financeiro for insuficiente, há o risco de esta reforma se traduzir apenas numa mudança administrativa, sem impacto real na autonomia das instituições de ensino ou na criação de programas alinhados com o mercado.
Um orçamento que testa o compromisso com a transformação
O OE 2026 vai funcionar como um termómetro do compromisso do Estado com a transformação tecnológica.
Se os investimentos em IA, digitalização e inovação forem executados com ambição e eficácia, Portugal poderá dar um salto qualitativo na modernização dos seus serviços públicos e no estímulo à investigação científica.
Por outro lado, se os montantes e prazos não forem cumpridos, corre-se o risco de travar um movimento de mudança que já é urgente, tanto para o setor público como para o privado.
Oportunidade para o ecossistema tecnológico
Para profissionais e empresas de tecnologia, este orçamento representa uma janela de oportunidades.
A aposta do governo em inovação e IA poderá abrir espaço para novas parcerias, projetos de cocriação e startups voltadas à transformação digital.
Portugal posiciona-se, assim, num momento decisivo: transformar a promessa de inovação em resultados concretos e garantir que a revolução digital não fica apenas no papel.
Fonte: Sapo