A digitalização em Portugal deixou de ser apenas uma promessa — está a gerar impactos concretos na economia. A economia digital representa já uma fatia significativa do PIB nacional, contribuindo também para o crescimento do emprego e dos salários. Estima-se que este setor esteja a gerar milhões de empregos, dezenas de milhares de milhões de euros em valor acrescentado e um contributo relevante em receitas fiscais.
Infraestruturas que impulsionam o avanço tecnológico
Para que a transformação digital seja efetiva, é essencial uma base tecnológica sólida. Em Portugal, essa base já está bem consolidada. A rede 5G cobre atualmente todos os concelhos e grande parte das freguesias do país, com milhares de estações ativas. Esta infraestrutura robusta é o alicerce que permite às empresas explorarem novas arquiteturas digitais — desde o edge computing ao processamento em tempo real e à Internet das Coisas (IoT).
Com esta base tecnológica, a inteligência artificial (IA) tem finalmente terreno fértil para crescer e transformar setores inteiros. O potencial está em integrar sistemas inteligentes nas operações diárias, otimizando processos e criando valor real para as organizações e para os cidadãos.
IA, pessoas e processos: o verdadeiro desafio
Apesar das infraestruturas estarem prontas, a adoção da IA nas empresas portuguesas ainda é limitada. O desafio não está tanto na tecnologia, mas na capacidade de a integrar com as pessoas e os processos existentes.
A liderança visionária, a execução ágil e a definição de métricas claras são fatores críticos para transformar a IA em resultados tangíveis. As organizações que apostarem em equipas preparadas, cultura de inovação e formação contínua serão as primeiras a tirar partido deste novo ecossistema digital.
Setores além da tecnologia
A digitalização já não é exclusiva das empresas tecnológicas. Setores como a indústria, o retalho, a agricultura, a logística e o turismo estão a colher benefícios reais. A automação de tarefas, a análise de dados em tempo real e a personalização de serviços estão a tornar-se práticas comuns.
No retalho, por exemplo, a IA é usada para prever a procura e otimizar o stock; na logística, ajuda a planear rotas e reduzir custos; e na agricultura, permite uma gestão mais eficiente dos recursos. Estes exemplos mostram que a inovação tecnológica pode gerar valor em qualquer área de negócio.
O próximo passo: maturidade digital
Portugal está preparado em termos de infraestrutura e talento. O grande desafio agora é transformar essa capacidade técnica em resultados consistentes e sustentáveis. A próxima etapa passa por consolidar competências digitais, promover a utilização ética e responsável da IA e fortalecer a colaboração entre o setor público, privado e académico.
A mensagem é clara: Portugal já tem a base tecnológica necessária. O foco deve estar agora na integração estratégica da inovação e na criação de valor real. Quem entender que a tecnologia é um meio — e não um fim — estará na linha da frente da nova economia digital.
Fonte: PC Guia
