·
Um estudo recente da Fastly revelou que os bots de IA estão a exercer uma pressão inédita sobre a infraestrutura da internet. Cerca de 80% do tráfego destes bots é gerado por rastreadores que percorrem páginas nas áreas do comércio eletrónico, redes sociais, entretenimento e tecnologia, para alimentar as bases de dados usadas pelos modelos de inteligência artificial. A atividade destes rastreadores é constante e, muitas vezes, ultrapassa o tráfego normal gerado pelos motores de busca tradicionais.
O impacto dos fetchers
Além dos rastreadores, existem os chamados fetchers, responsáveis por recolher sequências específicas de informação. Estes bots causam picos súbitos e massivos de tráfego, com registos de até 39 mil pedidos por minuto em apenas um site. A esmagadora maioria deste tráfego provém de assistentes de IA como o ChatGPT, o que intensifica a pressão sobre servidores de todo o mundo.
Custos sem retorno para criadores
O grande problema é que todo este tráfego não gera receita direta para quem produz o conteúdo. Os criadores e mantenedores de servidores acabam por arcar com os custos de uma carga pesada, sem retorno correspondente. O paradoxo é claro: os chatbots necessitam de conteúdo para funcionar, mas a sua própria atividade ameaça a sustentabilidade do ecossistema que os alimenta.
Oportunidades e riscos para os media
Este cenário adverso levanta questões sobre o futuro dos meios de comunicação. Alguns especialistas acreditam que a situação pode criar oportunidades de revitalização para os média tradicionais, mas outros alertam para um risco maior: o aumento da concentração na indústria dos média e do entretenimento, limitando a diversidade de fontes e de conteúdos disponíveis.
Soluções em desenvolvimento
Várias soluções estão a ser exploradas para mitigar este problema. Algumas empresas já testam modelos em que os rastreios são tarifados ou mesmo bloqueados, permitindo maior controlo por parte dos sites. Outras abordagens passam pela criação de bots guardiões, capazes de impor desafios mais complexos e, assim, aumentar os custos operacionais para quem gere chatbots. Ao mesmo tempo, começam a surgir propostas legislativas, embora ainda sem avanços concretos.
Questão central: vale a pena?